domingo, 8 de fevereiro de 2015

A importância do relacionamento com a imprensa - o jornal impresso (3)

O jornal ainda é um dos principais meios para quem trabalha com artes e cultura possa divulgar seu projeto

Uma das mais antigas mídias, o jornal é um dos meios mais importantes


Olá.

O jornal é uma das mais antigas mídias, que ganhou força com a criação da prensa de Gutemberg, no século 17. No Brasil, ainda é uma das principais formas de informação da sociedade e objetivo de grande parte dos jornalistas que se formam a cada ano nas escolas de comunicação do país.

No Brasil, estão entre os jornais mais antigos do país o Diário de Pernambuco (1825), o Jornal do Commercio (1827) e O Estado de S. Paulo (1875). Pode-se contar aí o Jornal do Brasil, que é de 1891, mas possui apenas versão online desde 2010. 

O jornal impresso tem uma repercussão muito grande: apesar da emergência da internet e da onipresença da televisão, o jornal ainda tem uma aura de credibilidade. Como ainda existe uma cultura do "vale o que está escrito", o jornal ainda conquista leitores e garante exposição elevada.

Dados do Instituto Verificador de Circulação (IVC, uma espécie de "ibope" dos jornais impressos) indicam que a circulação média diária de jornais auditados pela instituição girou na casa dos 4,5 milhões de exemplares entre 2011 e 2013. A circulação média total diária estimada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) ficou em torno de 8,7 milhões de exemplares - mas esse número vem caindo ao longo dos anos.

Cada vez mais, os jornais têm dedicado mais atenção para versões on-line, inclusive cobrando por acesso após um determinado número de matérias lidas, o chamado paywall poroso (falaremos dele em breve).

Hoje, pode-se dizer que o jornal ainda é um dos principais meios para quem trabalha com artes e cultura possa divulgar seu projeto, principalmente quando se conhece a rotina e os caminhos de um jornal.


Um jornal impresso pode ser classificado de várias formas:

- Pelo público - ou seja, o foco em função da renda E escolaridade:

Um jornal tradicional é aquele voltado para públicos com renda mais elevada e/ou maior escolaridade - não necessariamente que essas pessoas tenham as duas características. Nesse caso, saber ler e ter conhecimentos gerais é tão ou mais importante do que ter dinheiro. Jornais desse tipo tendem a apresentar mais informações sobre cultura, política e economia. Além disso, são mais formais na linguagem e apresentam pautas mais sofisticadas. Esses veículos tendem a ter mais assinantes do que leitores que compram em bancas.

Já um jornal popular é mais voltado para públicos com rendas menores e/ou com menor escolaridade. Quem se enquadra nesse perfil tende a ler reportagens mais didáticas (não necessariamente superficiais), com frases e palavras mais simples e fotos mais chamativas. Jornais populares possuem também como assuntos mais atrativos temas como esportes, entretenimento (geralmente associados à TV), e comportamento.

- Pela geografia

Alcance Nacional - São aqueles jornais que possuem públicos em todo o país, mesmo que sejam pessoas que não morem na região onde ele é produzido. Basicamente, são quatro veículos nessa condição: Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo e Valor Econômico.

Alcance Regional - São jornais que possuem alcance restrito ao estado onde é produzido ou atinge alguns poucos estados vizinhos. São exemplos de impressos regionais O Dia (RJ), Zero Hora (RS), O Liberal (PA), Diário de Pernambuco (PE), entre outros.

Alcance Local - São veículos que restringem-se à cidade onde possui sede, ou um grupo pequeno de cidades, como uma região metropolitana. Também são considerados jornais locais veículos de bairro, geralmente de distribuição gratuita.

- Pela segmentação

Jornais gerais - tendem a possuir editorias mais definidas: Política, Geral, Esportes, Internacional, Cultura/Entretenimento, Economia etc

Jornais econômicos - são jornais mais segmentados, com foco nos assuntos da economia, dividindo-se de outra forma: focam em empresas, investimentos, finanças corporativas e pessoais, política (com uma abordagem mais econômica) etc.

Jornais "rápidos" - são jornais com foco na leitura rápida. Podem ser cobrados ou gratuitos, populares ou mais tradicionais. Tendem a ser diagramados em formatos tabloide ou semelhantes, de fácil leitura e manuseio. Exemplo: Metro, Destak, Meia Hora (RJ) etc...

Como funciona

Os jornais possuem várias editorias, mas o que interessa no nosso caso é o de cultura. A área mais nobre de um jornal é a capa, onde se destacam as principais notícias da edição em questão. Quanto mais alta (e maior) for a manchete, mais importante é o tema. Ela é tão importante que alguns veículos mantém editores de primeira página. Quando não, quem é o responsável é o editor-executivo.

Essa reportagem do site da Revista Imprensa ajuda a entender como funciona a primeira página.

Na editoria de cultura, o segundo nome mais importante é o editor. É quem define o que sai e o que não sai na editoria. Um jornal, por ter o espaço mais limitado fisicamente, tende a publicar o que é mais relevante, ou o que tende a prender a atenção do público. 

Há jornais que possuem pauteiros específicos para cada editoria, mas como os tempos têm sido mais difíceis, é mais provável encontrar pauteiros que dedicam-se a todas as editorias. Depois vêm repórteres, redatores e fotógrafos - estes não restritos à editoria de cultura.

Divisões

Existem jornais que possuem cadernos específicos de cultura (como a Ilustrada, na Folha, ou o Segundo Caderno, no O Globo), mas há jornais que dividem-se por páginas, com até quatro páginas para a cultura, incluindo aí tirinhas, horóscopo, palavras cruzadas, programação da TV... 

Desta forma, eu preciso fazer uma afirmação mais cruel para alguns, mas que é a mais pura verdade: num jornal, quem tem mais apelo, emplaca. Um escritor em ascensão pode render uma pauta interessante, mas se um editor tiver que escolher entre esse escritor talentoso e, por exemplo, o Luiz Fernando Veríssimo, é muito mais provável que a escolha seja sempre a segunda opção. 

Um filme independente com roteiro bem escrito, bons atores, até consegue um espaço, talvez até com destaque na capa (ou na primeira página) da editoria. Mas se o filme tem no elenco o protagonista da atual novela das nove (seja lá qual o momento que você esteja lendo), as chances de publicação serão muito... muito maiores.

Rotina

Cultura é, tradicionalmente, uma editoria mais fria, com mais pautas "de gaveta" (ou seja, temas que os repórteres vão apurar com antecedência e que formam "estoques" para os dias seguintes).

E como disse em outro post, os jornais possuem horário de fechamento. Geralmente, as páginas de cultura são as primeiras a serem fechadas, exatamente por serem mais frias - claro que isso depende do veículo e do perfil. Muitos jornais cobrem TV, mais dinâmica, e dependendo do momento, podem fechar mais tarde. 

Os cadernos ou as páginas de cultura tendem a seguir uma dinâmica comum: matérias mais frias às segundas e terças-feiras, esquentando ao longo da semana. 

Jornais mais tradicionais (como Folha e O Globo) são mais ecléticos nas pautas: focam em temas como cinema, teatro e dança, além de gêneros musicais mais específicos, e não costumam ignorar aspectos econômicos e políticos relevantes. 

Jornais mais populares costumam concentrar a cobertura em músicas (ou ritmos) populares, TV (especialmente novelas) e cinema - normalmente blockbusters ou filmes nacionais de repercussão. Também abrem espaço para projetos sociais ligados a comunidades e periferias.


Nos próximos posts, voltaremos a descrever outros veículos de imprensa, para entender o funcionamento.

Siga-nos no Twitter: @visibilidarte.

Até.

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