quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

O ano de 2015 não foi o melhor para os museus, mostras e exposições

Numa breve retrospectiva do ano, é possível afirmar que o resultado poderia ser melhor para a área: um museu queimado e obras de arte apreendidas como forma de lavar dinheiro, além da crise

Museu do Amanhã (RJ): mesmo a boa notícia veio cercada de polêmica

Olá.


Entre perdas e ganhos, o setor de museus, mostras e exposições não tem muito o que comemorar, quando se olha para 2015. Tradicionalmente, é um segmento que tem público cativo e fiel - e 2015 foi um ano com algumas boas mostras.

Mas o fato foi que 2015 não ajudou - talvez fosse possível dizer que foi inesquecível, mas pelo lado mais negativo. Incêndios, crise e Lava-Jato deram o tom...




O Rio de Janeiro ganhou mais um museu, o do Amanhã, com foco na sustentabilidade e na inovação, numa Praça Mauá revitalizada para as Olimpíadas. O Museu do Amanhã se junta a outro, o MAR, Museu de Arte do Rio, bem próximo. 


Mas num momento de crise, com hospitais públicos a beira do colapso e instituições culturais passando o pires, há quem conteste a obra suntuosa, afirmando que seria mais relevante aplicar o investimento em hospitais e escolas. Ou seja: mesmo a boa notícia de se ter mais um museu, com uma proposta ousada de se pensar o amanhã, com iniciativas sustentáveis e num espaço que precisava de revitalização, teve seu início cercado de polêmicas.


O museu é fruto de uma parceria entre a prefeitura do Rio e a Fundação Roberto Marinho e demandou R$ 215 milhões em investimentos dos dois parceiros, mais R$ 65 milhões do banco Santander, que entrou como parceiro. O museu foi concebido pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava.


Na contramão, a Casa Daros fechou as portas em dezembro e o Museu Nacional vive momentos de penúria, com risco de demitir funcionários - ele reabriu no início do ano, mas a crise ainda não deixou a instituição. 

Para completar, em São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa ardeu num incêndio de grandes proporções e ainda segue fechado. Um bombeiro morreu. O incidente fechou a estação ferroviária da Luz e demandará reconstrução completa.

Ainda em São Paulo, a mostra SP-Arte recorreu à Lei Rouanet, levantando R$ 6 milhões, mas criou polêmica já que a feira obteve isenção de ICMS. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, às vésperas do início da feira, galeristas de arte consideraram a mostra como concorrência desleal.

Naquela ocasião, o dólar estava na casa dos R$ 3,00. Em setembro, quando a moeda americana batia perto dos R$ 4,00, a ArtRio, feira de arte do Rio de Janeiro, teve queda na participação de galerias estrangeiras, mas apostou em obras de artistas nacionais e reduziu o tamanho.

Mas enquanto uns tentavam melhorar o quadro (sem trocadilhos), outros faziam da arte uma forma de ocultar recursos irregulares, fruto de corrupção - colocando mais foco sobre como esse mercado pode ser usado como instrumento para lavagem de dinheiro.

Obras de arte apreendidas em casas de investigados pela Operação Lava-Jato foram colocadas para apreciação do público em Curitiba (PR), mais precisamente o Museu Oscar Niemeyer, como forma de evitar a deterioração e expor uma das formas de uso do dinheiro resultante de propinas e superfaturamento de contratos, especialmente por Renato Duque, ex-diretor da Petrobras. 

Na casa de Duque, no Rio de Janeiro, foram encontradas 131 obras de arte. Ainda está sendo apurada a procedência das peças - se originais ou réplicas. As obras de arte foram apreendidas em uma das fases da Operação Lava-Jato. Segundo o juiz Sério Moro, a compra das obras de arte foi considerada como uma iniciativa profissional na prática de lavagem de dinheiro.

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