quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

No mercado editorial, 2015 teve altos e baixos

Neste ano que se encerra, o mercado editorial também sofreu com a crise, mas uma decisão do STF e a força do público jovem salvou a pátria



Olá.

O ano que se encerra amanhã teve altos e baixos para o mercado editorial, que assim como as demais áreas da cultura (e para o resto do país) vive uma crise sem precedentes. No entanto, boas notícias ajudaram a salvar o mercado editorial e a tirar um pouco do pessimismo.

A primeira boa notícia veio da Justiça. Numa decisão histórica para o mercado editorial, o STF liberou a edição de biografias não autorizadas, com direito a “cala boca já morreu” no voto da ministra Cármen Lúcia. Os ministros consideraram a proibição inconstitucional.



A questão teve inicio por causa de uma mudança proposta no Código Civil que estabeleceu a obrigatoriedade de autorização prévia de biografias pelo retratado pela obra ou familiares. O assunto acabou sendo encampado pela Associação Procure Saber, a partir da adesão de Roberto Carlos, contrário à liberação.

A batalha durou anos e dividiu a classe artística. Na ocasião, Roberto Carlos entrou na associação, que havia iniciado outra batalha, sobre direitos autorais de músicos, e levou nomes do naipe de Chico Buarque, Caetano Veloso e Djavan a se posicionarem contra a liberação de biografias não autorizadas. A reação da imprensa e dos formadores de opinião foi forte.

Após a decisão do STF, a líder do Procure Saber, Paula Lavigne, disse em entrevista ao jornal Valor Econômico que os ministros do Supremo "deram aula de civilidade". Ela disse ainda que "nas poucas vezes que me posicionei publicamente, eu dizia que era preciso discutir como seriam conciliados dois gigantes da Constituição brasileira: a liberdade de expressão e o direito à privacidade".

Já Caetano Veloso disse que não seria "censor nem morta". A liberação trouxe luz para as editoras, que esperavam a solução do impasse jurídico, mas a necessidade de financiamento ainda é um problema para os editores, segundo o mesmo Valor Econômico.

2015 também foi o ano dos livros de colorir, modismo que salvou parte do ano para livrarias e editoras. Adultos e crianças aderiram à onda, que colocou titulos entre os mais vendidos. 

Também foi o ano dos youtubers, que mostraram sua força off-line, especialmente Kefera Buchmann e Christian Figueiredo. Na Bienal do Livro, no Rio, foram eles que roubaram a cena, mostrando que mesmo em tempos de crise, os jovens podem ser um mercado a ser explorado.

A nota triste foi o fechamento da Cosac Naify, referência em livros de arte. A decisão teve motivação econômica, a mesma que levou ao fechamento livrarias como a Leonardo da Vinci, especializado em livros históricos, no Rio. Parte do acervo vai para a Companhia das Letras. Ex-editoras da Cosac Naify estão se organizando para ficar com outra parte do acervo e acolher alguns dos autores da casa, que tinha mais de 20 anos de existência. O anúncio ocorreu em uma entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo. 
A crise veio forte: editoras enfrentaram problemas com a atrasos no pagamento e das encomendas de livros didáticos pelo governo federal, sem contar com a suspensão de planos de aquisição de livros. Tivemos ainda o cancelamento da Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, em maio. Em junho, editoras já previam um 2015 pior que 2014, que foi um ano de retração de vendas de 5,16% no ano passado. 

Por outro lado, a Companhia das Letras lançou selo em Portugal e concluiu a integração com a editora Objetiva, adquirida no ano passado. A Abril Educação foi vendida para um fundo americano de investimentos gerido pela Tarpon. A operação, mais a compra de ativos editoriais da Saraiva, resultou na Somos Educação.

Mas nem todos têm do que se queixar. Autores jovens, como Isabela Freitas, Paula Pimenta, Eduardo Spohr, os padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo, Augusto Cury e a ex-Miss Bumbum Andressa Urach figuraram na lista dos mais vendidos, trazendo alegria a seus editores.

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