terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Por que a crise da Petrobras é prejudicial à cultura brasileira


A Petrobras é uma forte incentivadora da cultura. Logo, a crise vivida pela empresa pode reduzir ainda mais o volume de recursos para o segmento.


Olá.


Plataforma da Petrobras: crise pode afetar cultura brasileira

Uma das principais empresas do país, a Petrobras atravessa no momento uma grave crise institucional e de imagem, causada pelas denúncias de corrupção em investigação a partir de uma operação policial em março passado. A "Operação Lava-Jato" trouxe à tona um esquema de propinas pago por algumas das principais empresas de construção civil do país, que se reuniriam em cartel para dividir obras e assegurar recursos, com possível envolvimento de políticos.

O esquema vinha sendo investigado após a prisão de alguns envolvidos, entre os quais o ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa. Preso, meses depois, ele decidiu aderir ao mecanismo da delação premiada, que permite a troca de informações sobre os delitos em troca de redução da pena, quando julgado, ou mesmo o perdão judicial. Para isso, as informações serão checadas pelos investigadores.

A crise paralisou a estatal, tem trazido notícias diárias sobre o fato e desgastado a empresa perante à sociedade. E pode refletir sobre o setor cultural. 

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Isso porque a Petrobras é uma forte incentivadora da cultura. Além de recorrer a mecanismos de renúncia fiscal, como a lei Rouanet, a estatal possui editais próprios de patrocínio de projetos, muito concorridos e que mantém produções dos mais diversos portes e linguagens. 

Segundo a própria estatal, até 2012 foram destinados R$ 380 milhões para as 91 seleções públicas lançadas em oito edições do programa Petrobras Cultural, que recebeu 30.777 inscrições e contemplou 1.452 projetos.

Por sinal, reportagem recente do jornal O Globo mostrou que a crise vivida pela empresa pode reduzir ainda mais o volume de recursos para o segmento. Segundo a reportagem, em 2013 foram investidos R$ 121 milhões, o menor valor desde 2002.

Como a crise trata, basicamente, de superfaturamento de recursos, a tendência é que a Petrobras seja restritiva, nesse momento, na liberação de verbas para quaisquer áreas, seja por precaução, seja motivada por investigações mais amplas sobre liberações de recursos. 

Além disso, a empresa não publicou seu balanço financeiro do terceiro trimestre, o que traz problemas de crédito - em poucas palavras, a empresa não pode pegar dinheiro emprestado, levando-a a restringir despesas para preservar o caixa. 

Como a atividade fim da Petrobras é petróleo, não cultura, será previsível que a companhia evite desembolsar recursos que não sejam para áreas relativas à natureza de seu negócio.

Num momento em que se prevê uma economia mais retraída, com menos recursos de empresas para marketing e publicidade, uma eventual parada pela Petrobras pode trazer ainda menos opções de recursos para produtores que buscam viabilizar seus projetos.

Um outro ponto em questão é a cotação do barril do petróleo, que até meados do ano passado ficava acima de US$ 100 e hoje já tem se situado abaixo de US$ 50. Há situações que a empresa ganha, mas quando se trata de novos projetos de produção de petróleo, a Petrobras tem risco de prejuízos grandes - o pré-sal, por exemplo, exige um volume de investimentos que precisam se pagar, por isso a cotação precisa ser mais elevada.

É como uma superprodução: você investe milhões e precisa cobrar caro para poder pagar os custos.

É importante acompanhar a situação da Petrobras e, principalmente, buscar outros caminhos para patrocinar projetos. Pode ser que a crise da empresa seja longa demais.


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