segunda-feira, 13 de julho de 2015

Cultura contra o racismo

Criado pelo jornalista, cantor, compositor e ativista Mombaça, o Vem Vencer pretende responder às ofensas deploráveis cada vez mais comuns.

Mombaça (a dir.), criador do Vem Vencer: arte para banir o racismo
(foto: Divulgação/Facebook)

Olá.

Recentemente dois casos brotaram na mídia, mas a prática lamentável tem se banalizado no Brasil. A jornalista Maria Julia Coutinho, que apresenta as previsões do tempo no Jornal Nacional, e o cantor de funk Nego do Borel foram hostilizados publicamente por serem negros. Ela teve seu perfil inundado de ofensas e desaforos - que foram rechaçados por uma onda de apoio muito grande. Ele ouviu em um show uma pessoa proferir palavras ofensivas e foi tomar satisfações, resultando numa confusão generalizada.

Há pouco mais de um ano, vimos uma torcedora do Grêmio ser flagrada xingando o goleiro Aranha, do Santos. Por sua atitude, sua casa foi depredada e sua vida tornou-se um problema. Vimos o jogador do Barcelona Daniel Alves responder a atitude deplorável de parte da torcida adversária de jogar bananas no campo, comendo uma delas antes de bater um escanteio.

Antes velado, o racismo (ou as manifestações mais acintosas), vem crescendo paulatinamente no Brasil, um dos últimos países a abolir a escravidão. E os dois casos mostram que não só há uma forte onda racista no país como muitos desafiam a lei ao manifestarem publicamente os mais mórbidos preconceitos - seja nas redes sociais, seja em locais públicos. E racismo é um crime inafinaçável.

Em junho de 2014, uma iniciativa bem legal surgiu para responder à onda de racismo contra jogadores de futebol profissional, tendo como pano de fundo a realização, aqui, da Copa do Mundo, a fim de criar um ambiente de reflexão sobre essa prática ainda comum, infelizmente. O Vem Vencer foi criado pelo jornalista, cantor, compositor e ativista Mombaça e contou com apoio de artistas e voluntários.


O movimento gerou um samba, hino contra o racismo, e um clipe - a concretização do grito de alerta que eles pretendiam dar naquela ocasião para todo o mundo. O clipe Vem Vencer foi lançado numa edição especial do Sarau Preto no Teatro Municipal Carlos Gomes, Rio de Janeiro. Participaram do clipe nomes como André Ramiro (o Matias do filme Tropa de Elite), Zezé Motta, Alexandre Moreno e Maria Ceiça (veja o clipe abaixo).



Agora, o plano é muito mais ambicioso - e igualmente nobre. A 1ª Jornada Mundial Vem Vencer pretende lançar um amplo engajamento que desembocará nas Olimpíadas de 2016, para "fazer ecoar, de forma mais retumbante e contundente, o grito de paz e igualdade, em todos os campos",

Dois projetos darão suporte à jornada, que teve a adesão de mais artistas e personalidades, como o cantor e compositor Chico Buarque, o cantor e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, a atriz Camila Pitanga, o cineasta Silvio Tendler e os cantores Marcelo Yuka e Ivan Lins.

Um deles é o Sarau Preto, criado para destacar, exaltar e revelar a produção lítero-musical e poética de compositores negros, através de intervenções artísticas nos campo das artes plásticas, dança, audiovisual, moda e estética negra, de acordo com o movimento Vem Vencer. Itinerante, o Sarau Preto tem em seu viés cultural a inserção de artistas locais, a valorização da produção da própria cidade e a criação da sustentabilidade em cada local onde é realizado.

Nos próximos dias 7 e 8 de agosto, o Carlos Gomes vai abrir as portas mais uma vez para receber o Vem Vencer; agora para receber o Sarau Preto, será apresentado pela atriz e atleta Lica Oliveira e pelo velocista Robson Caetano. Com produção de Marta Caminha, direção musical de Teo Lima e direção geral de Haroldo Costa, o Sarau marcará o início da Jornada Mundial, uma corrida e caminhada no circuito histórico e arqueológico da herança africana no Rio de Janeiro - tendo como base o Cais do Valongo, antigo ponto de desembarque e negociação de escravos, localizado na Zona Portuária do Rio de Janeiro, em fase de revitalização.

A Jornada tem prevista ainda a entrega do inédito Troféu Vem Vencer de arte e cultura negra a personalidades que se destacam no combate ao racismo. Haverá ainda a realização de oficinas de percussão e penteados africanos, feira de artesanato e culinária afro-brasileira, palestras e seminários sobre a questão racial e atividades nas áreas de teatro, cinema, dança, artes plásticas, fotografia, saúde, cinema, ciência e novas tecnologias. 

Um dos objetivos da 1ª Jornada Mundial Contra o Racismo Vem Vencer é a gravação do um DVD com a cobertura de todo programação e um videoclipe com o tema musical da Jornada, com participação de  artistas, personalidades e atletas que participarão das Olimpíadas de 2016, entre outros. Este material será oferecido gratuitamente a estabelecimentos públicos de ensino fundamental, médio e universitário, museus e bibliotecas.

O blog VisibilidARTE apoia a iniciativa e incluiu na template do blog um selo do movimento Vem Vencer. Acesse a página do movimento no Facebook,  curta, compartilhe e divulgue o projeto. Seja mais um na luta diária contra o racismo e ajude a banir essa prática deplorável em nossa sociedade. A Cultura é um aliado pela igualdade tão almejada mas tão distante no Brasil.

A cada novidade, publicaremos novos posts.

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